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Sobre o quero-quero

O sentinela dos pampas
O quero-quero é uma ave territorial muito vigilante, e dá o alarme ao primeiro sinal de algum intruso em seus domínios, seja dia ou seja noite. Apesar de ser um bom voador, sendo visto a fazer acrobacias no céu, passa a maior parte do tempo em terra. São em geral monogâmicos e pouco exigentes na elaboração dos ninhos, que constroem em uma pequena depressão no solo, e que consiste de um frouxo e raso amontoado de palha e gravetos em formato mais ou menos circular. 

Põem de três a quatro ovos esverdeados de casca pintada de negro que pesam em torno de 26 g, que, se a camuflagem de suas penas e outras táticas que empregam não despistam os predadores, os pais defendem vigorosamente, emitido gritos e voando rasante em sua direção como se fossem atacá-los, embora se retirem pouco antes de o contato se efetivar. Atacam também o homem, se este se aproxima. Durante uma estação reprodutiva, que varia de região para região e pode se estender até por metade de um ano, coincidindo com a época das chuvas, os pais podem produzir até três ninhadas. 


Protegendo o ninho
A taxa de natalidade é de cerca de 70%, mas somente cerca de 20% atinge a idade adulta. Pouco depois de nascerem os pintos já acompanham os pais em suas andanças e se alimentam por conta própria, como eles, de insetos e outros pequenos invertebrados e peixes, sendo muitas vezes vigiados por um terceiro adulto ou pelo grupo. Com sessenta dias de vida já podem voar e já mostram uma plumagem semelhante aos adultos, embora com estrias. 

Aves de rapina, mamíferos e répteis são os maiores inimigos dos filhotes, mas o homem muitas vezes destrói inadvertidamente os ninhos que se encontram em áreas de lavoura.Quanto aos adultos, já foi observado que o carcará Caracara plancus é um predador.

Se preparando para atacar
O quero-quero é comum em muitos países; é a ave-símbolo do Uruguai e do Rio Grande do Sul,e por isso em seu redor se formaram várias lendas, aparece em cantigas tradicionais e se tornou personagem literário e dramatúrgico.Também deu seu nome a produtos e estabelecimentos comerciais,projetos educativos e um grupo musical gauchesco.

A título de exemplo de sua popularidade, aludindo ao seu papel de sentinela dos campos - pelo que é muito estimado pelos estancieiros e fazendeiros. Cite-se Rui Barbosa, que em um discurso proferido em 1914 chamou a ave de "o chantecler dos potreiros. Este pássaro curioso, a que a natureza concedeu o penacho da garça real, o vôo do corvo e a laringe do gato, tem o dom de encher os descampados e sangas das macegas e canhadas com o grito estrídulo, rechinante, profundo, onde o gaúcho descobriu a fidelíssima onomatopéia que o batiza".No terreno folclórico, pode-se trazer à memória uma quadrinha brasileira, que reza:
Filhote

Quero-quero vai voando
e os esporões vai batendo.
Quero-quero quando grita
alguma coisa está vendo.